O dia se espatifa: novembro 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

Festas de fim de ano: uma nova abordagem

Não sou do tipo que detesta as festas fim de ano. Mas também há tempos deixei de esperar com ansiedade por elas. Durante alguns anos culpei por essa, digamos, melancolia em relação ao Natal e ao Ano-Novo a morte do meu pai, em 23 fevereiro de 1996 - três dias depois do meu aniversário de 22 anos -, causada por um câncer descoberto justamente no 20 de dezembro anterior. Ocorre que eu ainda adoro fazer aniversários. E há muito tempo a saudade doída do meu velho deu lugar a uma saudade boa, que o mantém ao meu lado o tempo todo. Donde se conclui que a causa não deve ser essa.



Tenho me dado conta de que não gosto das festas de final de ano da mesma forma como não sou exatamente fã dos dias das mães, dos pais e dos namorados. Porque são dias em que as pessoas se fantasiam para a felicidade. São dias em que a mãe ou o pai têm que ganhar um presente mesmo que o salário de maio e agosto dos filhos não tenha chegado até o segundo domingo do mês. Em que os namorados e namoradas precisam estar disponíveis, lindos e românticos mesmo que a reunião mais difícil do ano tenha acontecido no dia 12 de junho ou a prova de final de semestre caia no dia 13.



No Natal, as famílias enfiam na cabeça que precisam virar família de comercial de margarina e parecem se sentir obrigadas a passar por cima daquela briga boba que aconteceu no dia 22 de dezembro e que precisava de uma semana para ser realmente superada. E a virada do dia 31 para o dia 1º carrega o peso de definir os 365 dias seguintes: seja pelo que se come, seja por quem beijamos à meia-noite, seja por onde estejamos. São datas carregadas de significado compulsório. E isso me incomoda. Me irrita, até.



Se você resistiu à leitura até aqui certamente está pensando que a blogueira não passa de uma cínica, amarga, infeliz, sem família, sem amigos. Preciso confiar que vai confiar em mim quando digo que não, muito antes pelo contrário. Me sinto hoje muito mais em paz comigo mesma, com meus amigos e com a minha família do que quando esperava ansiosamente pela véspera do Natal, pelo Réveillon, pelo Dia dos Namorados.



2009 foi um ano cheio de datas importantes. Vivi alguns bons Natais, outros tantos dias dos namorados, incontáveis dias das mães e vários anos-novos. Porque conseguimos reunir em diversas ocasiões - algumas inclusive citadas neste humilde - pessoas que se gostavam e gostavam de estar juntas. Porque dei e ganhei vários presentes - comprados ou simbólicos - que me fizeram sentir tendo os melhores dias dos namorados ou das mães. Porque alguns dias marcaram o fim de um ciclo importante e o começo de um novo: um exame mostrando a cura da minha mãe, o começo de um novo desafio profissional do meu marido, a decisão da minha irmã de dar um novo rumo à vida dela, o convite para um trabalho novo e desafiador. Nenhuma dessas datas estava previamente marcada no calendário. Todas foram devidamente e muito bem celebradas.



Por isso tudo, decidi propor a mim mesma uma nova abordagem ao fim de ano. Nada de viagens. As estradas vão estar lotadas, e os hotéis e voos, muito mais caros do que o normal. Além do quê, os tradicionais fogos estressam meu cachorro, e não quero imaginá-lo assustado num hotel enquanto eu brindo a chegada de 2010 longe de casa.  Nada de festas compulsórias. Quero simplesmente juntar pessoas queridas aproveitando que os dias 25 e 1º são feriados e podemos ficar juntos até bem tarde. Conversando, comendo, bebendo, brincando com as crianças e os animais de estimação que estiverem por perto. No Natal e no Ano-Novo deste ano, tudo o que eu quero é poder sentir mais uma vez a alegria que senti tantas vezes nos últimos 365 dias sem que alguém me dissesse que precisava ser assim.



Quem é parceiro?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Momento autopromoção de mim mesma

Ainda não são livros meus, e nem sei se algum dia haverá algum livro meu, mas nesta feira tem dois lançamentos que são traduções minhas para a L&PM. O fofo Snoopy 9 - Pausa para a soneca, do Charles Schulz, e Os Crimes ABC, da Agatha Christie.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Então eu fui à feira...

... e estou há horas (na verdade mais de 24) pensando no que escrever sobre isso, já que o blog está vinculado no site especial sobre a Feira do Livro do clicRBS.



Só que eu não sei o que dizer.



A não ser que saí de lá decepcionada. Mais do que o normal. Porque a minha querida Feira do Livro virou definitivamente um evento gigantesco que se parece com uma grande livraria de aeroporto. Que só tem best-seller e livro de auto-ajuda. Que tem um milhão e meio de palestras que confundem qualquer cristão sobre a sua relevância ou sua importância. Que mistura autores consagrados com autores autopublicados que não têm a menor chance de serem consagrados. Que tem uma praça de alimentação que parece a praça de alimentação de um shopping center, só que sem o ar condicionado - ou seja, cadê a vantagem?



Eu ainda não sei se foi a feira que perdeu a graça ou se fui eu que perdi a paciência. Só sei que a feira pode ser de qualquer coisa, inclusive de livro, mas não muito de literatura. Nem para encontrar os amigos funciona direito, já que essa sensação parece estar se replicando entre os amigos leitores.



Me dói dizer isso, porque eu adoro Porto Alegre e adoro o conceito da feira, a ideia da feira, a história que eu vivi da feira.



Sei lá, bodeei.



Amanhã irei novamente. Talvez seja o efeito do final de semana. Vejamos.



Como disse há pouco no Twitter: a feira tem que ser menos livraria de aeroporto e mais sebo, ter menos palestras e mais encontros interessantes com escritores idem.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Vergonha suprema, ainda não fui à feira

Estamos na melhor época do ano para viver em Porto Alegre. É primavera. E tem feira do livro. Lugar comum. Tanto quanto dizer que os jacarandás em flor recebem lindamente os visitantes na Praça da Alfândega, no centro da cidade. Lugar comum, mas absolutamente verdade.



Passei a sexta passada pensando não apenas na hora em que o feriadão começaria, mas na hora em que poria pela primeira vez os pés na 55ª edição desse orgulho porto-alegrense. "A maior feira da América Latina", ou coisa que o valha. Não rolou. Quem estava em Porto Alegre sabe do calorão que tomou conta da cidade.



Sábado, domingo e ontem também não deu pra ir. Era muito calor. E era feriado. E qualquer fã da feira sabe que fim de semana e feriado na Feira do Livro é pior do que véspera de Natal ou de Dia das Mães em shopping. Até aí tudo bem, ninguém é obrigado a ir à feira.



Só que na sexta eu me comprometi com a Fabiane Echel, responsável pelo site da cobertura do evento no clicRBS, editado pelo Danilo Fantinel, que ela podia manter o meu blog lá dentro. Que eu escreveria sobre a feira, sim.



Depois dessa demonstração de covardia diante do calor, será que ainda mereço fazer parte desse seleto time? Eles ao menos não se abateram com o calor e já estiveram por lá. Várias vezes, no caso do Carlos André Moreira, do Mundo Livro.



E você, já foi à feira?