O dia se espatifa: julho 2005

domingo, 31 de julho de 2005

sexta-feira, 29 de julho de 2005

quarta-feira, 27 de julho de 2005

E se for verdade?

Há quase dez anos o Márcio diz para todo mundo: "Tem uma louca espalhando por aí que é minha mulher. Não contrariem. A mãe dela me dá uma grana pra não desmentir essa fantasia dela".

Vocês já repararam que ele nunca comenta por aqui? Será que ele não é, afinal, produto da minha imaginação?

Tururururururu... (Isto é pra ser a música do Além da Imaginação.)

domingo, 24 de julho de 2005

Grata surpresa

Sexta-feira, numa tentativa de animar a desanimadora perspectiva de um fim de semana em que ambos iríamos trabalhar (cada um num dia), fomos ao cinema assistir a Bendito Fruto. A dica era do Márcio, um entusiasta das produções brasileiras, e eu não sabia nadica do filme.

Resultado: adorei! Recomendo. O roteiro é bem costurado uma barbaridade, os personagens são muito ricos, e as atuações, impecáveis. Até mesmo o Du Moscovis, de cuja dramaticidade não sou exatamente uma fã, está bem.

Assistam e depois lembrem que eu avisei!

Ah, e o site também é uma graça.

sábado, 23 de julho de 2005

Assinando embaixo

Faço minhas as palavras da Marcia.

...

Eu tenho pavor desse sindicato que zomba dos meus direitos individuais com base numa legislação absolutamente vencida:

Assembléia em Zero Hora não tem valor, diz Sindicato

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Rio Grande do Sul encaminhou ontem, 21 de julho, ao Departamento Jurídico da RBS/Zero Hora (ZH) e à comissão de representantes dos jornalistas da empresa resposta ao pedido de homologação de “acordo coletivo” firmado entre as duas partes. No documento, a entidade informa que a assembléia geral realizada no dia 15 de julho “não tem qualquer valor” por ferir artigos da Constituição Federal e da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O Sindicato também denunciou as ilegalidades ao Ministério Público do Trabalho e à Delegacia Regional do Trabalho (DRT).

O ajuizamento de ação trabalhista junto à Justiça do Trabalho é garantido ao Sindicato, conforme artigo 8º da Constituição - a entidade é reconhecida como “substituto processual” dos jornalistas. Com isso, ingressou com ações contra as empresas jornalísticas A Razão, Rede Pampa, Jornal do Comércio, Gazeta do Sul e SBT, além da própria ZH. O ajuizamento não eliminou nunca a possibilidade de negociação extrajudicial com a empresa da RBS.

Outra razão para que o alegado “acordo coletivo” entre ZH e funcionários seja inválido e ineficaz é o fato de a tal assembléia ter sido realizada com voto aberto, com claro objetivo de coagir quem era contra. Os artigos 524, letra “e”, 612 e 617 são claros ao enunciar que uma assembléia deve ter escrutínio secreto, o que não aconteceu no dia 15. Além de os participantes terem de expor abertamente seu voto, outros “apoios” foram conseguidos por meio de fax ou e-mail enviados de sucursais, como mostra a própria ata encaminhada à entidade pela Comissão dos Jornalistas de ZH.

"O Sindicato não pode compactuar com ações inconstitucionais e fruto de um pretenso 'acordo coletivo' que nasce eivado de nulidades. Mantemos as nossas prerrogativas sindicais para comandar as negociações de um eventual acordo com a RBS" – diz o presidente do Sindicato, José Carlos Torves.

JUSTIÇA
O Sindicato, que entrou na Justiça do Trabalho cobrando horas extras e controle do ponto dos jornalistas de ZH, está recorrendo da decisão do juiz da 3ª Vara que, indevidamente, não acolheu os objetos da ação. O Sindicato manterá todos os procedimentos judiciais e extrajudiciais (por meio de negociação) para defender os interesses coletivos da categoria, seja em Zero Hora ou em qualquer outro veículo que não cumpre a Constituição, a CLT e o próprio acordo assinado pelas partes.

"Nunca fechamos as portas para qualquer acordo. Só não podemos acertar propostas que contêm retrocesso e não avanço. O não pagamento do passivo de horas extras e a adoção de um controle de horário manipulável não podem ser aceitos legal e institucionalmente pelo Sindicato" – afirma Torves.

sexta-feira, 22 de julho de 2005

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Máxima gramatical

Crase é como vírgula: melhor faltar do que sobrar.

(Numa tentativa de fazer os colegas compartilharem da minha compreensão empírica da língua portuguesa.)

Máxima musical

Beatles é como Chico: a gente sabe que é bom, mas sempre que houve se dá conta de que, POR*A, É BOM PRA CA*ALHO!

(Num comentário neste post da Tica)

Pensando bem

Antes de gostar de ler, eu gostava de escrever. Aos três anos de idade assinava meu nome com os ésses invertidos embaixo de histórias rabiscadas na minha caligrafia inventada.

Primeiro quis ser advogada, porque achava lindo poder defender as causas justas do mundo (eu tinha seis anos na época, vale ressaltar), depois resolvi ser escritora. Ninguém me contrariou.

Aos doze anos, pedi uma máquina de escrever de presente. Ia finalmente escrever meu primeiro livro. A Olivetti portátil virou depósito de poeira depois do primeiro cento de papel sulfite amassado e acabou sendo substituída por um MSX no ano seguinte. Desnecessário dizer que o livro não saiu ainda.

Na oitava série, caiu a ficha: vou ser jornalista. A família apoiou. Vai entender. A decisão seguiu firme até o Vestibular. Seria crítica de cinema e substituiria a Ana Maria Bahiana em Los Angeles quando ela se aposentasse.

O que vem depois é história. O post é para dizer que hoje eu não sei se gosto mesmo de escrever ou se gosto da idéia de escrever. Lendo os blogs amigos, percebo no pessoal uma necessidade de expressão verbal muito mais eficiente e evidente do que a minha.

Nos tempos do MSX, gostava de treinar a "digitação" copiando trechos de livros de que gostava na tela preta da TV 14 polegadas com cursor verde. Dezoito anos depois, acho que é isso que continuo fazendo: copiando textos dos outros pra dentro de um computador. A diferença é que, no meio do caminho, o texto muda de idioma. E eu recebo pra isso.

Pensando bem, talvez eu goste mesmo é de digitar, não de escrever...

terça-feira, 19 de julho de 2005

Hahaha

Não sei de quem foi a idéia inicial de fazer isso com o meu site, mas olhem isto aqui! Dá pra fazer com qualquer site por aqui.

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Da precisão das palavras

Sempre que me perguntam qual a minha qualquer coisa preferida, tenho vontade de sumir. Qualquer coisa que eu escolher vai automaticamente eliminar dezenas, centenas, quiçá milhares de outras quaisquer coisas que eu também adoro mas que não me vieram à mente naquele exato momento.

Mas tem uma pergunta específica desse gênero que me perturba com muito mais força: "Qual a tua palavra preferida?" Como assim? Em que língua? De que tipo? Substantivo, adjetivo ou verbo? Para que circunstâncias? Co-mo as-sim?

Cada palavra tem seu papel no papel. Uma palavra mal escolhida pode provocar desastres ou arruinar completamente todo um texto, uma fala, um pedido, uma explicação. Uma concordância errada pode esculhambar com a reputação de qualquer criatura.

Sou uma apaixonada por palavras. Quando criança, gostava de ler o meu Minidicionário Aurélio. Sim, ler. Aos oito anos, achava que se soubesse o significado de todos os verbetes seria a pessoa mais inteligente do mundo. Desnecessário dizer que jamais cheguei à metade da letra A. E estamos falando do minidicionário...

Hoje me dou conta de que virei uma chata. Certo, sou chata em vários outros aspectos também, mas trabalho com palavras, com colegas que trabalham com palavras, e muitas vezes me pego tentando impor a eles as minhas manias, as minhas implicâncias e a minha obsessão pela precisão, ainda que esta precisão esteja apenas na minha cabeça, não possa ser medida de maneira exata.

Minha chatice chegou ao extremo. Ao ponto de que hoje eu não leio mais, reviso. E dentro desta minha mente perturbada é até simples definir o que considero um bom texto: não me fez parar, não me fez trocar nenhum termo mentalmente? É ótimo!

É por este motivo que sequer vou reler o que está aí em cima. Se fizer isso, acabo desistindo de clicar em "publicar postagem" – tradução, aliás, é de uma infelicidade atroz... desde quando isto aqui é uma postagem, pelo amor de Deus?


*


Ah! tinha até esquecido por que pensei em escrever isso tudo. Foi por causa da coluna de hoje do Joaquim Ferreira dos Santos, que mostra como usar bem (e absurdamente bem) palavras que sequer fazem parte do nosso cotidiano:
Destrambelhadas

Quando o cara do Congresso chamou de “destrambelhado” o espião da Abin que o tinha xingado de “besta-fera”, eu pensei cá com os meus botões. É um assombro! É a senha! É a figurinha carimbada que faltava, o cacique bororó na estampa Eucalol, o aiô silver adentrando o Zorro na pradaria semântica. A língua lambisgóia, um moto-perpétuo desta coluna, havia chegado ao papo do poder e de novo precisava ser saudada. Alvíssaras!

Os leitores, doces pândegos desbussolados que vivem pedindo a volta das mocetonas, das embusteiras, das marias mijonas e donas fulustrecas, esses doces mocorongos de uma figa não erram nunca. Está na hora do cronista não se fazer de difícil, parar de cortar o dobrado de sempre com a falta de imaginação e botar o galho dentro. Transbordar velhaco, num texto transviado, o que de Brasil lhe vai ao redor. É o momento de fazer como Otelo Trigueiro, o Bussunda da Rádio Nacional nos anos 50. “Se os ouvintes preferem”, dizia o gaiato, “pra que discutir com os ouvintes?”. Chega de botar os bofes pela boca atrás de uma crônica original que nunca vem.

Destrambelhado é do piru.

Se os leitores querem ouvir de novo novas palavras velhas, como tonitroam semanalmente os tambores que agora chegam não mais por fumaça mas por e-mails, não sou eu, fazfavoire, parvo portuga, paspalho patusco, parlapatão pelintra, sempre carente de qualquer idéia semanal, que vou dar uma de besta-fera e peitar a realidade servida à leite de pires na minha porta. Aceitei a dica. Num país de ladrões, chega de dar tratos à bola, emagrecendo que nem um pau de virar tripa, atrás de uma pensata original.

Botei de novo aquelas velhas senhoras assanhadas para fora da cama do dicionário, algumas enrabichadas, outras futriqueiras, botei todas num tílburi, uma coleção de chistes escangalhados, chacotas de bufoneria, farândolas fuleiras, e chispei com elas na minha velha Remington. Hélas! Ei-las!

Desde que dezenas dessas palavrinhas songamongas, pitombas pândegas há muito esquecidas nos jardins dos aurélios, começaram a aparecer aqui como se fossem um mantra para recuperar um país que já se foi, outras palavras da época também me foram enviadas pelos leitores. Algumas ficavam na dúvida se entravam pelo basculante ou vasculhante. Se de chapéu ou guarda-chuva. Se de coque-banana ou ninho de passarinho. Cada uma usou a condução que podia, teve quem veio de assistência, rádio-patrulha, lambreta, tintureiro, rabecão e lotação. Zanzavam trôpegas, marcadas pelas perebas do tempo, a tristeza profunda marcada em cada sílaba. Haviam sido trocadas por esse rame-rame rastaqüera de palavras ordinárias como potencializar, capilaridade, alavancar, impactar, esse valhacouto ordinário de bandidas que não fazem nenhum sentido e acham que agregam valor. As coitadinhas não mereciam tamanha prosopopéia.

Os leitores mandaram tudo que durante anos ouviram da vovozinha, escarafuncharam na cachola palavras que ficaram conservadas na moringa da cozinha, açucenas catitas que dão it na penteadeira verbal, pintassilgos que ainda fazem tiruliru em nossa imaginação. Aqui estão mais algumas jamais vistas nas edições anteriores. Folgada, muquirana, esculhambada, pau mandado. Dão fricote e faniquito como qualquer broto flozô, neurastênicas apenas porque forçadas pelo silêncio de todos esses anos. Querem de novo o frege, a fuzarca, a azáfama e o fuzuê de serem vociferadas altaneiras onde quer que seja. Lamentam que tenha sido no rififi do planalto.

Elas meteram suas melhores japonas, negligês diáfanos e galochas, todas pintadas feito uma macaca Sofia — e, mais uma vez, ei-las! Me passaram um pito, sem que eu tivesse a mínima culpa, tiriricas das idéias, porque ficaram todo esse tempo no esquecimento. Reivindicam o mesmo destaque das fulaninhas que apareceram aqui. Querem a possibilidade de voltarem num jornal de família antes que surjam na boca de deputado boquirroto. Faço-lhes gosto. Curtam seus 15 segundos, peraltas levadas da breca, e mostrem que o país foi pras cucuias. Um panamá, uma esbórnia. Aproveitem e tomem uma atitude. Ponham pra correr essas santinhas do pau oco, palavras biltres como disponibilizar, que se dizem a língua culta de hoje. Acima de tudo, queridas sacripantas, não enfiem a viola no saco.

É um país de bufoneria, políticos canastrões falando uma língua já passada e revelando ao país sua culpa no cartório, a vocação para seca pimenteira do progresso. Sempre fazendo farol com o dinheiro público e, até quando?, mijando fora do penico. Mequetrefes folgados, transviados de meia-tigela, excelências xexelentas. Me admira muito! Não se mancam! Vão ver se eu estou na esquina! Estão me dando nos nervos!

Os editoriais já usaram de todo o português moderno para expressar o assombro de um país que acorda do sonho e se vê desmilingüido e macambúzio como sempre, de ovo virado como nunca, com a macaca, com a cachorra, um gosto de que deu zebra e carraspana chinfrin no céu sem estrelas da boca. As palavrinhas jogadas para escanteio pelo pseudo-avanço da língua gostariam de ter voltado mais serelepes, ameigadas e fofas, gostariam de ter estendido o linóleo de florões e saçaricarem felizes a algazarra nostálgica — mas elas tomam simancol. Sem ter o que fazer, ficam no Asilo da Velha Ortografia lendo o GLOBO. Sabem tudo. Nesse mato tem coelho. Desse mato não sai cachorro. Nessa imensa estrovenga em que o país se meteu, cercado de estróinas por todos os lados, só cabe o vitupério sarnento. Bilontras. Pelintras. Estarolas. Torpes. Embusteiros. Celerados.

Nossas doces sirigaitas querem voltar à língua falada, mas sem cair em boca de Matilde. Têm compostura. Cansadas desse pega-pra-capá geral em que o país se meteu, escabriadas por terem que ficar, como todo brasileiro, com um olho fritando o peixe e o outro olhando o gato, nossas sirigaitas queridas lamentam entrar nesse jogo pela porta do mensalão — mas antes de se despedirem querem dar um recado. Chega de aleivosia malsã. Destrambelhada é vossa excelência.

Azar, gostei desta foto

Eu e o Márcio
Gramado, 9 de julho de 2005

Constatação

Piores do que meus dias de mau humor, são os dias que eu me sinto sem humor. Como hoje. O mau humor, pelo menos, é ridículo. A falta de humor é deprimente.

Espero que seja só a gripe.

quinta-feira, 14 de julho de 2005

Meu estilo

Your Blogging Type is Logical and Principled
You like to voice your well thought out opinions on your blog. And if someone doesn't what you write, you really don't care! Serious and blunt, sometimes people take your blog the wrong way. But you're a true and loyal friend to those who truly get you.

Mal d'alma

Não chega a prostrar, mas é mais do que simples tristeza. E atrapalha. Eu chamo de depressão pocket.

Acho que atrasarei meu dead line, querida editora.

Você sabia?

É possível fazer uma busca em todo o vasto (e imperdível) conteúdo do meu blog simplesmente clicando aqui? Este link sempre esteve ali à esquerda, embaixo dos arquivos, com o sugestivo nome de BUSCA. Tem também uma caixinha pra fazer a consulta direto.

Maravilhas do mundo moderno...

quarta-feira, 13 de julho de 2005

Da série desculpe, mas não estou entendeindo

Recebi hoje este e-mail:
Sei que muita gente não gosta de política, mas acho que é o momento de nos mobilizarmos. A palhaçada atingiu níveis além da indignação.

Marcelo Träsel convidou você para participar da comunidade 'Já basta!'. Para ver a comunidade 'Já basta!', clique no link abaixo:

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3387405
Sorry, Marcelo, mas o que exatamente quer dizer na prática "é o momento de nos mobilizarmos" e "a palhaçada atingiu níveis além da indignação"? Não deveríamos estar sempre atentos e, se possível, levemente indignados em caráter permanente? E o que uma comunidade no Orkut pode fazer em relação a isso? Tem como garantir que todo mundo ali naquela comunidade nunca cometeu nenhuma infração ou ato imoral e/ou antiético?

terça-feira, 12 de julho de 2005

segunda-feira, 11 de julho de 2005

Finaleira

Estou naquela fase de uma tradução em que toda dedicação é pouca, todo tempo empregado é pouco e o resto parece fútil. Daí me aparece algo externo para desviar o foco da minha atenção e me incomodar mais do que o necessário.

Se pelo menos pagasse bem...

domingo, 10 de julho de 2005

Concorrência frágil

No blog da Dani Noyori deparei com o serviço de tradução de páginas do Google. Como o resultado na página dela não ficou dos piores, testei para ver o que ele fazia com isto aqui. O resultado foi tranqüilizador.



Pelo menos não vai ser por enquanto que eu vou perder espaço em um dos meus dois ofícios.

sábado, 9 de julho de 2005

O cara tá cada vez melhor

Não é só porque eu concordo, não. Eu gosto cada vez mais dele porque ele escreve bem mesmo!

Com vocês, de novo, Ricardo Freire:

Regina Duarte não avisou

Você deve se lembrar: na última campanha presidencial, Regina Duarte foi à televisão para dizer que estava com medo.

Para quê: o Brasil imediatamente rompeu com a sua namoradinha. A reação foi ainda mais violenta do que a sentida por outra dama da televisão, Marília Pêra, ao declarar seu voto a Fernando Collor, na encarnação anterior. Sem querer, Regina acabou dando o mote para a comemoração da vitória do PT: "A esperança venceu o medo".

Verdade seja dita: o medo não era só dela. Tampouco se restringia aos medrosos. Pouca gente tinha coragem de admitir isso publicamente, mas o fato é que o medo de Regina Duarte era compartilhado também pelos céticos, pelos renitentes e pelos escaldados.

Naquele momento, contudo, quase ninguém veio em defesa de Regina Duarte. Os outros que tinham medo continuaram com suas bocas fechadas.

Três anos mais tarde, o mais esquisito da crise que estamos vivendo é que praticamente nenhum dos temores de Regina Duarte se confirmou. E, mesmo assim, veja a crise que estamos vivendo.

O medo de Regina Duarte - e de tantos outros que não tiveram coragem de ir à televisão - era o de "perder toda a estabilidade conquistada". Medo de o Brasil "virar uma nova Argentina".

Traduzindo: o medo de Regina Duarte era medo de moratória. Não era medo de mensalão.

Examinando com cuidado a fala de Regina, podem ser encontrados indícios do que viria a acontecer. Ela disse: "O Lula eu achava que conhecia, mas tudo aquilo que ele dizia, agora ele mudou". Mas não, ela não quis dizer isso que você está pensando hoje. Naquele momento, Regina Duarte tinha medo do Duda Mendonça, não do Marcos Valério.

O discurso foi curto, e Regina nunca mais se pronunciou sobre o episódio. Ainda assim, é possível intuir do que ela tinha medo exatamente.

Regina Duarte tinha medo de que o dólar fosse à estratosfera e nunca mais saísse de lá. E não que o dólar desembestasse a baixar sem que ninguém soubesse até quando vai continuar caindo.

Ela tinha medo de uma explosão de invasões de terras organizadas pelo MST. E não de uma explosão de juros organizada pelo Copom.

A inesquecível Raquel, mãe da malévola Maria de Fátima, tinha medo da política econômica do Aloizio Mercadante. E não de uma possível volta triunfal do Delfim Netto.

Regina temia que o novo governo fizesse uma revisão radical das privatizações. E não que inventasse tantas novas utilidades para as estatais.

Está bem: ela até tinha algum medo de que viessem a propor a instalação de um organismo como o Conselho Federal de Jornalismo. Mas não tinha medo de que viessem a dificultar a instalação de organismos como CPIs.

A eterna Porcina temia que o nosso Lech Walesa, depois de eleito, se tornasse o nosso Hugo Chávez - e não o nosso Boris Ieltsin.

Não, Regina Duarte não avisou que, antes de darem um jeito nas estradas, eles fossem comprar um Airbus.

Ela não nos alertou sobre o aparelhamento do Estado, nem sobre a volta do clientelismo e do assistencialismo.

Pensando bem, onde estava Regina Duarte que não nos preveniu sobre a possibilidade de a Heloísa Helena ser expurgada, mas o Delúbio, não?

Agora, sim, dá para entender por que Regina Duarte foi tão criticada naquela ocasião. Também, quem mandou não avisar?

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Semana de novidades

Acabo de descobrir que tem mais um site/blog novo: é o da Angélica Lopes, minha amiga escritora e roteirista, que, junto com o seu digníssimo, foi grande parceira nos quase 18 meses que moramos em São Paulo entre 2002 e 2003.

quinta-feira, 7 de julho de 2005

Lá e cá

  • De manhã fazia frio e chovia fininho quando saímos de casa a pé, porque o carro estava na oficina.
  • Uma vizinha fofa que vinha para os nossos lados nos deu carona até a porta do trabalho.
  • Quatro bombas tinham explodido em Londres e deixado mortos, feridos e susto pelo mundo.
  • A nossa equipe se juntou de bom grado numa força-tarefa relâmpago e produziu um belo trabalho jornalístico.
  • Cheguei ao fim do dia já com o salário recebido ontem todo "redistribuído".
  • O Márcio voltou de uma ida à Palmarinca com um presente que eu queria demais e nem tinha pedido pra ele.

Atrás de uns tostões...

... publiquei ali em cima um bannerzinho (quase) discreto do Google Adsense. Dizem eles que pode render uma graninha. Não custa torcer para os queridos leitores clicarem no que lhes interessar de vez em quando.

Ali embaixo à esquerda está um campo de busca no Google. Parece que rende uma graninha também, mas eu não entendi como porque fiquei com preguiça de ler as explicações até o fina. Botei ali mais porque abre uma janela nova com as minhas cores.

Não fui eu que escrevi...

Mas podia ter sido.

Estava escrito nas estrelas
Lembranças do PT e uma notícia do mundo cão

O ano de 1989 foi um dos piores da minha vida. Nas eleições, na contra-mão da maioria dos meus amigos, escolhi votar em Covas, que julgava um homem de bem, comprometido com o Brasil, ao contrário de Lula, que me parecia no máximo pitoresco, e de Collor, evidentemente doido. O problema é que decidi não só votar em Covas, mas também ajudar sua candidatura. Distribuía folhetos e santinhos, e usava, nas janelas do meu carro, uns bonitos adesivos de propaganda, feitos pelo Millôr.

Pois nunca me senti tão discriminada e tão só quanto então. Num instante nossos amigos deixaram de ser amigos e viraram petistas full-time, soltando fogo sagrado pelas narinas ideológicas. Praticamente cortaram relações comigo e os que pensavam como eu. Um ou outro ligava, mas não conseguia disfarçar a superioridade autocongratulatória, de quem dá uma esmola ou visita uma comunidade carente.

Eram visivelmente superiores àquelas pessoas que tinham o impudor de pensar diferente, e que mereciam, no mínimo, o ostracismo social. Estavam sendo ideologicamente magnânimos. Vivi desde situações bizarras, como a discussão com um casal de milionários consumistas defendendo o pseudo-proletariado no sofá da sala repleta de peças art-nouveau, às constrangedoras, como o dedo espetado no meu peito por uma estagiária do "Jornal do Brasil" que, no elevador, me cobrava não estar usando um button do PT, Pureza Total.

O pior era voltar para casa. Meu caminho passava pelo Garota de Ipanema, que se transformara em point. Petista, claro: não havia outros. O mundo era petista. Entrar na Vinicius com o sinal fechado virou pesadelo. Meu pobre Fiat atravessava um corredor polonês em que levava murros e era chutado pelos democratas alcoolizados. Quando eu finalmente estacionava na garagem, antes de desabar em prantos, ainda tinha que tirar os lulalás que haviam sido colados na lataria. O que me esperava lá em cima não era melhor: ofensas e ameaças nojentas na secretária eletrônica.
* * *
Atravessei a ditadura mais ou menos incólume, apesar de ser jornalista, como tantos, abertamente contra o regime. A questão é que, dos militares, não se esperava outra coisa senão antagonismo e "pau neles!" (nós). Aquela era a ordem natural das coisas, a lei e a ordem, eles de lá, nós de cá. Mas como lidar com amigos e companheiros de idéias subitamente transformados em inimigos encapuzados com a máscara da ideologia? Como lidar com a indiferença e a descrença, ou, no máximo, com a "infinita paciência", com que os amigos recebiam meus desabafos?

A questão é que, para eles, não havia partido mais democrático do que o PT, santamente mergulhado em eternas reuniões para decidir as menores coisas. O que acontecia lá fora eles não sabiam, nem queriam saber. Ignorância é poder!

A violência na secretária eletrônica e na lataria do automóvel era excesso natural de uns poucos "radicais"; meu sufoco dentro do carro sacudido pela turma da Vinicius era bobagem de boneca intelectual, coisa de mulherzinha.

Perdi alguns amigos, perdi toda a confiança em outros. Mudei de trajeto, desliguei a secretária e, decisão pequeno burguesa, jurei que jamais votaria no PT. Quando Covas perdeu no primeiro turno, passei a defender o voto nulo. A vida do carro, do qual tirei os adesivos, melhorou muito; já a minha não.

Pouca gente entende o voto nulo como manifestação política. Não passava pela cabeça de ninguém que uma pessoa razoavelmente letrada e medianamente civilizada pudesse optar por anular o voto. Para mim, que considero o voto uma procuração que passo a alguém para exercer meu direito de cidadania, não havia outra saída.

Meus ex-amigos petistas estavam convencidos de que, não sendo Lula, eu era, inevitavelmente, Collor. Collor envergonhada, sem coragem de declarar. Para eles era mais fácil "raciocinar" assim. É curioso, e ao mesmo tempo assustador, que não tenha ocorrido a nenhum deles que pudesse haver algo profundamente errado com a premissa de que, numa eleição livre, alguém precisasse esconder seu voto. Mais curioso (e igualmente assustador) era observar o pequeno número de carros que circulavam com adesivos do Collor. Qualquer pesquisa de opinião pública feita a partir de adesivos de vidros de automóveis daria vitória esmagadora para o PT.

Até hoje me pergunto quantos votos o PT não perdeu naquele ano por causa da sua falta de vocação para o diálogo, ou melhor, sua falta de desconfiômetro -- e da truculência da sua militância. Sempre que ousei tocar nesse assunto com petistas, nenhum jamais reconheceu que houve ali qualquer coisa errada. Tudo mero exagero de xiitas exaltados.

Exatamente como hoje, exceto que a violência deu lugar à roubalheira. Não sei o que é pior.

* * *
Mas nem tudo são más notícias. Na semana passada, em Pelotas, os psicopatas Fernando Siqueira Carvalho, Marcelo Ortiz Schuch e Alberto Conceição da Cunha Neto, que assassinaram a cadelinha Preta arrastando-a pelas ruas amarrada a um carro, aceitaram a transação penal proposta pelo Ministério Público.

Isso, em linhas gerais, significa que não foram condenados, mas receberam penas: multa de R$ 5 mil para cada um, e prestação de serviços à comunidade, no canil municipal, por oito horas diárias, durante um ano.

É muito, mas muito menos do que mereciam, mas já é um começo.

Há alguns anos, nada lhes teria acontecido.

Cora Rónai, n'O Globo de hoje

Ufa!

Finalmente acabou a quarta-feira. Nem eu estava me agüentando.

terça-feira, 5 de julho de 2005

Barbante no dedo

Falta tempo, falta grana e falta memória pra tudo o que eu quero comprar, ler, ver, ouvir. Por isso, fiz uma wish list no Submarino.

Agora fica ali do lado o link, e a lista vai crescendo com o tempo. Se estiver sobrando uma graninha e der vontade de presentear uma amiga querida, já sabe...

segunda-feira, 4 de julho de 2005

E tem ainda mais um

Em Deleituras, a minha querida amiga e editora Cacá Chang faz o blog que eu gostaria de fazer se tivesse uma paixão tão grande por uma única coisa, como a leitura.



Escreve bem, essa guria. Vai lá!

Tem blog novo no pedaço

Da minha querida amiga e já citada ex-editora Luciane Aquino, com vocês, E-mail surreal.

Enjoy!

Arranca os tubos

O que pensar quando se descobre que o Delfim Netto está cotado para o Ministério do Lula? Que este país é obra do Vonnegut.

domingo, 3 de julho de 2005

Agora com imagens

Desde ontem, sou a feliz proprietária de uma câmera digital – ainda em fase de adaptação. De qualquer maneira, a partir de agora, preparem seus olhinhos!

Aí do lado está o Floc, achando muito estranho o fato de eu não largar daquela coisinha prateada por mais de duas horas seguidas.

sexta-feira, 1 de julho de 2005

Autocensura

A parte superior deste post foi vetada por mim mesma por sugestão de uma pessoa a quem respeito muito.

Agora vendendo o nosso peixe, o Crise em Brasília tem tudo o que a gente está fazendo no clic sobre todo o fuzuê.

Humpf!

Durante o dia, tenho várias idéias de posts no mínimo engraçadinhos. Só que não dá pra postar do trabalho. Quando chego em casa, esqueci de tudo...